Estudo relaciona doenças mentais a criatividade

Doenças mentais como esquizofrenia e distúrbio bipolar podem compartilhar algumas raízes genéticas com a criatividade, como sugere este novo estudo.

 

Após analisarem mais de 150 mil pessoas, os pesquisadores descobriram que os que seguem uma carreira artística e criativa estariam mais susceptíveis a transportar o genes que traduzem tais doenças, como a esquizofrenia por exemplo.

Esta não é a primeira vez que uma ligação genética entre doença mental e criatividade tem sido sugerida. Historicamente, muitas mentes brilhantes da sociedade tiveram problemas mentais, ajudando a reforçar o esterótipo. No entanto, a evidência genética para isso estava um pouco perdida.

Neste novo artigo, a equipe de cientistas da deCODE genetics, uma empresa biofarmacêutica na Islândia, analisou 86 mil islandeses a procura de uma evidência genética. Eles descobriram que os indivíduos que trabalhavam em uma profissão artística ou que pertenciam a uma sociedade artística eram 17% mais propensos a ter variantes genéticas ligadas à bipolaridade ou esquizofrenia, do que outros membros do público analisado.

A equipe então replicado sua pesquisa com os dados obtidos de pessoas nos Países Baixos e da Suécia, e descobriu que, neste subgrupo, criativos eram quase 25% mais propensos a transportar os genes de transtornos mentais do que seus pares não-criativos.

A pesquisa foi publicada na revista Nature. Mas, os críticos do estudo agora questionam se realmente podemos classificar alguém tão criativo simplesmente pela sua profissão, e se as ligações genéticas encontradas são realmente verídicas.

“Mas aqui está a coisa: o aumento do risco pode ser enganador. Em conjunto, as variantes utilizadas no estudo explicam apenas cerca de 6% de esquizofrenia e 1% de distúrbio bipolar, de acordo com um gráfico do estudo. E essas mesmas variantes só explicam cerca de um quarto de 1% de habilidade artística. ”

Em outras palavras, os genes que predizem risco de doença mental pode ajudar a tornar as pessoas um pouco mais criativo, mas existe algo mais – genes ou fatores ambientais – que devem ser levados em conta para obtê-los o resto do caminho.

“Há uma ligação, e é surpreendentemente fraca no sentido de que a maioria das pessoas se preocupam”, explica o geneticista populacional David Culter da Universidade Emory, nos EUA, que não esteve envolvido no estudo.

No entanto, CEO da deCODE, Kari Stefansson, espera que os resultados ajudem a colocar a doença mental de uma forma positiva pela primeira vez.

“Para ser criativo você tem que pensar de forma diferente”, disse Stefansson. “E quando nós somos diferentes, nós temos uma tendência a ser rotulado estranho, maluco e até mesmo louco.”

 

 

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