Conheça a Elysia: uma lesma marinha que faz fotossíntese

Até pouco tempo, acreditava-se que a clorofila só poderia ser produzida por plantas, mas, cientistas descobriram uma espécie de lesma marinha que é capaz de produzir a clorofila a (tipo mais comum de clorofila).

Esta lesma, de cor verde, tem distribuição entre a Inglaterra e o Canadá. É o primeiro animal multicelular conhecido capaz de produzir a clorofila a.

O biólogo Sydney Pierce, da Universidade da Flórida do Sul, levou 20 anos para estudar a Elysia chlorotica. Durante estes estudos, Sydney percebeu que as lesmas do mar se alimentam de uma alga da espécie Vaucheria litorea e que conseguem fazer um processo de endossimbiose, incorporando os cloroplastos das algas dentro do citoplasma das células de seu próprio corpo, e mantendo-os em funcionamento, ou seja, capazes de fazer a fotossíntese.

O fato destas lesmas conseguirem manter os cloroplastos em seu corpo já era conhecida, porém, o grande descobrimento atual, é que a relação desta espécie de lesma com as algas vai além da incorporação de cloroplastos: esta espécie incorpora também a capacidade de sintetizar clorofila, incluindo os genes responsáveis por isso no seu próprio DNA. E fizeram isto de forma tão perfeita que conseguem transmitir tal gene de geração em geração.

 

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Uma equipe liderada por Mary Rumpho da Universidade do Maine publicou um estudo indicando que a lesma verde também “roubou” o gene das algas que come. Em uma forma “Lamarckiana” de “transferência horizontal”, de alguma forma, em algum ponto de sua evolução, os genes pularam das plantas para os moluscos, permitindo que os cloroplastos realizem finalmente fotossíntese. Lamarck daria um sorriso, ainda que tal transgenia seja extremamente rara.

Uma curiosidade é que o estudo foi editado por Lynn Margulis, bióloga notória por suas idéias sobre a origem de organismos eucariotos em nosso planeta. Não é tanto surpresa porque essa espécie de oba-oba com organelas, genes e organismos roubando, ou melhor, cooperando de maneira simbiótica é exatamente o que Margulis propôs em 1966.

A idéia de que a célula eucariótica, repleta de estruturas especializadas e complexas surgiu da união de células procariotas primitivas pode parecer óbvia hoje, mas seu trabalho original foi “rejeitado por quinze periódicos científicos”.

A propósito, Margulis foi também a primeira esposa de um certo sujeito chamado Carl Sagan.

A única coisa que não são capazes de fazer é sintetizar os próprios cloroplastos, mas quando já ingeriram os suficientes, sempre que haja suficiente quantidade de luz, estas lesmas podem viver e crescer normalmente sem nenhuma comida, a partir da energia que obtêm pela fotossíntese.

Este processo de “roubo” dos cloroplastos é conhecido como cleptoplastia.

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